Rua da Fé

quinta-feira, maio 24, 2007

Maçonaria, República e Poder Governativo

Um texto de D. António Marcelino, publicado no Jornal Correio do Vouga, que merece ser lido.

MAÇONARIA, REPÚBLICA E PODER GOVERNATIVO
Vivemos em regime democrático. Há quem se diga democrata e a quem a democracia incomode. Assim se cai na tentação da promiscuidade que envenena o ambiente e o espaço que é de todos. Se no regime em que vivemos se devem respeitar as opções, ninguém está impedido de falar livremente, sem medo, perante o que se vai vendo, conhecendo, e que pretende influenciar a comunidade de que todos fazemos parte.
A democracia não é um fim, nem pode servir de meio para que o poder, qualquer que ele seja, se aproveite dos postos de comando para empobrecer e dominar um povo livre.
A maçonaria viveu em Portugal, desde que chegou em princípios do século XVIII, horas difíceis. Foram perseguições de fora e divisões de dentro. Tempo seguido com contradições e projectos, uns conseguidos, outros frustrados. O apoio que então deu à “Carbonária”, motor organizado da queda da Monarquia, e a identificação conseguida, com a jovem República, inspirando ou fazendo seus os ditos “valores republicanos”, deram-lhe impulso para dominar. Isto permitiu-lhe conduzir o processo do inicio do novo sistema, minando os órgãos fundamentais da soberania, desde a Presidência da República ao Parlamento, destruindo o que não dominava e conquistando uma presença efectiva, bem marcada e visível, nos mais diversos lugares de influência do Estado. Teve, depois, de entrar de novo em meia clandestinidade. Este facto, porém, não a impediu de fazer acordos secretos com o poder, para que, dada a sua influência o mesmo se pudesse manter, mesmo quando publicamente perseguia a Loja. E foi assim, como se sabe e se diz, até nos tempos de Salazar, que, olhando para o lado, cedeu na orientação de serviços públicos conhecidos e cobiçados, dada influência destes no povo.
A aceitação oficial da Loja deu-se com o 25 de Abril, por razões óbvias, depressa explicadas por motivo de quem ia aparecendo na ribalta política dominante. O novo poder fez-lhe a entrega de bens antes expropriados e pagou-lhe indemnizações. Às claras recomeçou-se, então, a falar da maçonaria e a dizer da campanha persistente que ela fazia nos corredores da Assembleia da República, junto de gente nova ansiosa por benesses no presente e sonhando com as boas promessas de futuro. Abriram-se portas, antes e sempre fechadas, publicaram-se nomes de alguns aderentes, não todos, com influência nos diversos quadrantes da sociedade portuguesa, manteve-se, porém, o sigilo dos ritos de iniciação e de outros ritos importantes. Aliviou-se algum secretismo, mas a Loja continuou a ser uma associação fechada, sem a abertura normal, propiciada por regime democrático. Esta situação deu direito a desconfiar do que se passa e programa.
O sol da primavera é propício para trazer à luz o que as tocas escondem em invernos prolongados. Porque o ambiente político se tornou propício e a ocasião convidativa, a maçonaria começou a apresentar os seus projectos para o país. A nós o dever e o direito de apreciar, dizer e alertar sobre o que se projecta, porque a todos nos diz respeito.
A maçonaria portuguesa aparece, de novo, com algum espírito de “carbonária”, eivada de um acirrado laicismo, tendo no horizonte os “valores republicanos”, lidos unilateralmente, e empenhando-se por introduzi-los como inspiradores das leis que devem reger o povo. Esquece-se que o poder democrático não se pode exercer à revelia dos valores que um povo concreto e sensato sempre teve, quer ter e defende, para salvaguarda da sua identidade, dignidade e futuro em liberdade. Impor é matar e destruir.
Há que fechar a Igreja na sacristia, ignorar os valores cristãos, fazer tábua rasa de uma cultura milenária, negar a história pátria e secar as suas raízes vitais, mudar o sentido das instituições que dão consistência à sociedade, fechar o homem, por via da educação nas escolas e meios de comunicação social, à dimensão do transcendente. Será este o programa “político” actualizado do partido socialista, agora publicamente de mãos dadas com a maçonaria? Se a perspectiva é de um laicismo redutor, o que restará da democracia? Um povo decapitado. E que será o partido socialista? Uma galeria vistosa, com muita gente alienada e encostada. E a maçonaria? A estratégia táctica de servir e de se servir de um poder sem ideologia.Mas as prioridades num país que empobrece têm de ser outras, se quisermos sobreviver.
D. António Marcelino

domingo, março 04, 2007

Tudo pela causa....

Com a modernização da linha do Norte, os comboios da CP poderiam chegar actualmente com 20 a 30 minutos de avanço ao seu destino. Só não o fazem porque os horários impostos pela REFER os impedem. Muitos têm de aguardar parados largos minutos para cumprir os horários estabelecidos.
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Segundo parece, até o próprio Tribunal de Contas já alertou para esta situação, ao dar-se conta de que existe uma intenção de não reduzir demasiado os tempos de percurso do alfa pendular para poder justificar a vinda da alta velocidade, prevista para 2015, entre lisboa e o porto.

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sábado, março 03, 2007

Impressões pessoais

Digam o que disserem, Paulo Portas é para mim o político mais consistente que apareceu em Portugal nos últimos 10 anos.
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Por isso, e porque defendo uma direita liberal, desalinhada do centro, sem complexos ou agarrada ao passado, saúdo o seu regresso.

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Morrer na praia

A OPA da Sonae sobre a PT foi à vida, regeitada por maioria pelos accionistas em Assembleia Geral. Esta operação teve o condão de tocar na razão que explica o atraso português, do porquê de não passarmos da cepa torta. Para além de sermos invejosos, gostamos de viver à mama. Só assim se explica porque estiveram no mesmo lado da barricada o Estado e a sua banca, a banca privada, o grande capital, os sindicatos e a restante esquerda partidária.
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Mais uma vez, Belmiro de Azevedo está de parabéns, continua a ser um desalinhado da política e dos interesses que esta move.

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sábado, fevereiro 10, 2007

Ouvir limpidamente a consciência

Na véspera de uma decisão importante para o país, é oportuna esta reflexão de António Rego, via Agência Ecclesia:
Ninguém gosta de perder. E é possível que quem se empenhou emotivamente numa campanha pelo sim ou pelo não ao aborto, se sinta dependente da escolha inicial e não queira, por nada, dar o dito por não dito à última hora: a hora de marcar, na intimidade plena da consciência e no reduto secreto da mesa de voto, a sentença do sim ou do não. Ao aborto.

A campanha tem os defeitos e as virtudes de qualquer campanha. Acende ânimos, suscita paixões, constrói e cega argumentos. E tem muitos efeitos colaterais. Com tudo o que se diz de certo e errado: sobre a mulher, o filho, a ciência, o momento da vida, o embrião, a sua organização como ser, como corpo e pessoa, a perplexidade e razões de aceitar ou rejeitar uma nova vida, a consciência confrontada com os valores que a guiam, o debate entre o marcado pela natureza e o mascarado pela ideologia - tudo isso vem ao de cima num debate onde, por vezes, parece simples um ou outro extremo da resposta à pergunta lançada no referendo. E custa perceber que há tantos amigos, com quem compartilhamos ideais, que dizem exactamente o contrário de nós.

Há elementos extremamente positivos neste todo, vindos de ambos os lados, numa discussão politicamente livre, mas socialmente dependente. Interessa perceber que os cristãos quando dizem não ao aborto se referem essencialmente à intangibilidade da vida humana. Aqui não há subtileza. Não há meia medida. Há consciência. Os contributos científicos ou jurídicos são importantes para o debate, aprendizagem e esclarecimento. Mas não inspiram a decisão final porque essa só por ilusão se esconde ou esquece. E as mulheres – que aparentemente todos pretendem defender - são os seres que, na sua íntima voz, recusam, antes da palavra, qualquer modalidade de aborto. Seja qual for a sua religião, posicionamento de esquerda ou direita, com ou sem radicalidade. Antes do discurso de qualquer político ou entidade religiosa. Está no âmago de todo o ser. É duma evidência entranhada que dispensa demonstração moralista de esquerda ou de direita.

Neste caminho, torna-se complexo envolver o todo num manto político ou ideológico. Está em causa um valor não passível de cálculos, que ultrapassa todos os artifícios que se exibem noutras campanhas políticas. Por isso, mais forte que tudo é a consciência, como voz última, íntima e soberana, que sobrepassa todos os simulacros. Ouvir limpidamente a consciência é escutar o melhor conselheiro da vida.

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quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O que se chama a isto?

Tudo vale. Um estudo encomendado por várias organizações e divulgado hoje revela que 8,3 milhões de eleitores brasileiros (8,25% do eleitorado) venderam o seu voto nas últimas eleições, ganha por Lula da Silva após 2ª volta.
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Só para fazer uma ideia da gravidade da situação, este número é maior do que a soma de todos os votos depositados nos Estados de Roraima, Amapá, Acre Tocantins, Rondônia, Sergipe, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal e Amazonas.

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Será verdade, será mentira?

Não sei se hei-de ficar preocupado com a notícia, com os cientistas, se com as autoridades competentes.
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Como é possível que em 2005, o Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) tenha previsto um número de óbitos entre os 7 975 e 11.166, consequência da gripe das aves, e agora, volvidos 2 anos, tendo em conta «medidas de intervenções que, em 2005, ainda não estavam implantadas», o número suba para os 32 000?
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Será verdade, será mentira? que medidas estão a ser tomadas, estarão os hospitais preparados? O que é que tem o nosso 1º ministro a dizer?

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Muslims turn to Christianity

Muslims are converting to Christianity in their thousands in France but face exclusion from their families and even death threats.
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Most Muslims hide their conversion and Protestant ministers do their utmost to protect new converts.
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It is estimated that every year in the world some six million Muslims convert to Christianity.
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Reportagem da Reuters

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Quem fala assim não é gago

Ontem Miguel Sousa Tavares vaticinou a vitória do sim, porque o radicalismo assentou arraiais para as bandas do não.
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Tenho fugido totalmente da campanha, é tudo muito repetitivo, vejo e ouço a espaços alguns comentários. Não sei qual vai ser o resultado do próximo Domingo, nem sei em que é que o MST se baseia para afirmar tal. Mas será tolerante esta pérola do jornalista Jorge Malheiros?
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"Votar 'não' a esta 'opção da mulher' é abrir a porta à arbitrariedade, ao aborto forçado, ao aborto contra a opção da mulher, por imposição do pai, por pressão do marido, por ameaça do amante".
Público, 2007/02/06

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Pela vida

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terça-feira, fevereiro 06, 2007

Prometeu voltar...


...e vai voltar.
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Pressionado por circunstâncias muito estranhas, empurrado para a demissão por uma carta vergonhosa, constituído arguido com termo de identidade e residência. Lembram-se? Literalmente, queriam fazer-lhe a folha, não conseguiram.

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segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Um filho, propriedade privada?

A reflexão de António Rego, via Agência Ecclesia:
O aborto, como é sabido, não é primordialmente um problema religioso. É humano e ético. Mas não deixa de ter implicações singulares na consciência religiosa. Por isso se estranha que alguns olhares convertam o debate em ordem ao próximo referendo numa enviesada piedade para com as mulheres que abortam, e indiferença para com os seres vivos e humanos que são violentamente agredidos. E mais ainda se estranha a invocação da fé católica para se colocar do lado do agressor, como se isso fosse a tolerância, contra o ser indefeso no ventre materno. Como se a piedade e misericórdia apenas assistissem do lado da mãe com detrimento do futuro do filho. Também surpreende a neutralidade de alguns crentes como se se tratasse de tema entregue a profissionais de moral ou a políticos encartados. Nessa lógica, cada cidadão se liberta como pode deste fardo. Há quem prefira não se incomodar com o trajecto dum ser humano gerado, na proximidade das dez semanas, com o coração a bater em pleno e o todo essencialmente constituído. E deixá-lo abandonado a uma decisão circunstancial.
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A questão não está essencialmente na condenação moral de quem aborta ou para isso directa ou indirectamente contribui. Está na consequente indiferença à gravidade deste gesto. De tal modo que pede à sociedade que dele se desinteresse, deixando cada caso entregue a opção instintiva.
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Convém voltar ao problema pelo lado da parcialidade que a pergunta lançada no próximo referendo revela ou omite. Revela uma parte do problema – a penalização – e omite o outra, essencial - a agressão a um novo ser humano.
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Cada pessoa tem direito a decidir em consciência. Mas todos têm o dever de aferir a sua consciência por valores objectivos para além de emoções imediatistas transformadas em propriedade privada. Um novo ser não é um objecto que a mãe pode manipular segundo a sua conveniência. É um ser humano que ganhou a sua autonomia e personalidade, com direitos – está consignado na Constituição portuguesa o direito de nascer – e o respeito que merece o seu itinerário de vida. É tão evidente, que se estranha não seja visto do ângulo da ética natural e até de alguma moral cristã. Como é possível que o óbvio nem sempre se veja com a luz meridiana que merece?

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A chantagem

José Sócrates já veio dizer que se o não ganhar a lei vai ser aplicada como está, na íntegra, sem mudar uma vírgula sequer.
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Mas o Senhor 1º Ministro pensa que nós temos medo do quê?

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quarta-feira, janeiro 24, 2007

As bombas que explodem em Bagdad...

...são para os americanos ou contra o povo iraquiano? A guerra é contra a América ou entre facções?
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Aconteceu na Jugoslávia, acontece agora no Iraque. É o que se passa quando se abre a caixa de Pândora em conflitos abafados por ditaduras.

segunda-feira, janeiro 22, 2007

Voltar a pôr a Europa nos eixos.

É o que parece estar a acontecer, depois das trapalhadas em que nos meteram há uns tempos atrás os Chirac e os D'Estaing, aproveitando-se de uma Alemanha esverdeada e de um Blair em queda livre.
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Com Ângela Merkel no comando, as coisas têm vindo a compôr-se. A par da Constituição, a herança cristã da Europa volta a ser posta em cima da mesa.

Sem papas na língua


Na Venezuela, uma voz se ergue contra o medo:
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A linha de trabalho deste governo é amedrontar o povo venezuelano. Há esposas dos presos políticos que tentam buscar assinaturas para uma lei de amnistia e elas confessam-nos que ninguém quer assinar porque tem medo, pois se assinarem perdem o emprego.
Como Fidel se impôs pela via da crueldade, aqui estamos a ser encurralados pelo temor e o medo.
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A linha é calar-nos e amedrontar-nos. Isso levar-nos-ia ao silêncio e seria o mais perturbador e ignominioso que poderia acontecer no país.
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D. Roberto Lucker, Arcebispo de Coro e vice-presidente da Conferência Episcopal Venezuelana, a quem Chávez prometeu o inferno, aqui.

sexta-feira, janeiro 19, 2007

Hehehe! Por dizer a verdade...


...mandam-no calar. Fale Sr. ministro, fale...

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Isto não é notícia...


... não interessa à propaganda.

7 horas depois

O ministério da saúde concluiu que o INEM, o Centro de Saúde de Odemira e o Hospital de Santa Maria agiram correctamente no caso do acidente em Odemira.
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Só que não responde ao mais importante, como é que um homem, gravemente ferido, entra no Hospital de Santa Maria, sete horas depois dos primeiros socorros?

Lendo os outros

Sobre o caso do bispo Stanislav Wielgus na Polónia e os ajustes de contas da história em Espanha e Portugal, ou como A memória atraiçoa, por Luciano Amaral no DN:
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Os ajustes de contas históricos agora em voga têm o condão de nunca deixarem ninguém bem na fotografia. Nem direita, nem esquerda, nem sequer as religiões. Quem se mete neles está a entrar num campo minado de onde com dificuldade sairá também inteiro. E a lição serve para lá como para cá.