Rua da Fé

terça-feira, maio 30, 2006

Pôr o dedo na ferida


A Ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, desancou ontem nos professores. Sabemos bem como são injustas as generalizações, mas só assim é que as coisas talvez mudem.

O que a ministra disse é uma constatação de facto. Porque razão um aluno, ao fim de 6 ou 7 anos de aprendizagem de uma língua estrangeira, sai da escola sem a dominar? Porque é que grande parte deles não apresenta as competências minímas a matemática e português? Isto é grave e tem custos pesadíssimos para o país: são os alunos prejudicados, porque no mercado de trabalho valem os melhores, é o país que perde, porque não recebe o retorno do investimento que justamente faz.

Eu dei aulas e, quer se goste quer não, a ministra põe o dedo na ferida: é verdade a questão dos horários; é verdade que os professores do quadro ficam com os melhores horários, com as turmas que querem; é verdade que há as turmas dos bons alunos, dos assim-assim e as do resto; é verdade que grande parte dos professores falta muito; é verdade que a maioria, para não se chatear, na hora de dar as notas, passam alunos sem competências mínimas adquiridas, ano após ano, deixando nas mãos do sistema de acesso à Universidade a tarefa de excluí-los.

Tem razão a Senhora Ministra quando diz que a escola não está a combater as desigualdades sociais. Mas quando a própria estrutura burocrática do Ministério exige dos professores mil e uma justificações para se reter um aluno e impõe uma carga horária pesadíssima aos alunos, tem contribuído muito para este quadro negro.