Rua da Fé

terça-feira, março 21, 2006

Crise no CDS / PP

O CDS/PP atravessa um perí­odo de convulsões internas. Quando o lí­der, em vez de dirigir o partido do Caldas (ou do Parlamento) fá-lo de Bruxelas, às sextas, sábados e domingos, há um claro défice de liderança. Mas mais profunda ainda É a luta entre qual das linhas de orientação ideológica, a centrista, mais democrata cristão, ou a popular, mais liberal, deve determinar as linhas programáticas do partido no futuro.

Fazendo um retrospectiva desde Abril de 74, o que vemos é que o CDS, como partido de centro, nasceu para viver moribundo. Senão vejamos: 1) chegou tarde (foi o último partido a ser fundado), 2) foi corrido pelos outros dois partidos da esfera governativa, PS e PSD, do centro para a direita do espectro político, 3) os quais, ao longo do tempo, vez à vez, foram-se apropriando das grandes chaves que definem um partido Democrata Cristão da velha guarda, ocupando o centro, da esquerda à direita, não só fisicamente mas também ideologicamente. Em linhas gerais, muito do que defendia o CDS de há 30 anos defendem o PS e PSD hoje.

Sabendo que a ocupação do espaço polí­tico já está definido, o que não dá grande margem de progresso a um partido de direita e muito menos à existência de dois, colocam-se as seguintes questões: vale a pena manter-se fiel aos princí­pios democrata-cristãos, ou interessa mais ter um partido que se defina sem rodeios de direita? Que partido e que direita interessam a Portugal?

O partido de direita que falta em Portugal É um partido que não tenha medo de se assumir liberal, política, cívica e economicamente.

Para isso, o CDS deve dar lugar a um PP liberal. E este passo tem de ser dado sem tibiezas, senão corre o risco de até isso lhe fugir, quando vivemos sob o governo mais liberal da história da III República (Continua).