Rua da Fé

quarta-feira, maio 31, 2006

Lendo na blogosfera

A intervenção de Bento XVI em Auschwitz, plena de sentido teológico, vai por certo marcar o debate durante muito tempo.

Com as devidas vénias, reproduzo aqui excertos de dois postes, com os quais não posso deixar de estar mais de acordo:

- do Zé dos Samurais de Cristo:

Ao ler o discurso do Papa, percebenmmos que a pergunta Oh Deus, porque te mantiveste em silêncio? É uma oração de pedido. Não um grito de desconfiança, mas o pedido de quem sabe que Deus tudo pode e portanto pede que nos livre do sofrimento.
Mas é também, ao mesmo tempo, uma afirmação da certeza do desígnio. Esta pergunta nasce do conhecimento de que Deus tem um desígnio de amor para todo o homem. De quem sabe que quando tudo está dito e feito devemos continuar a gritar humildemente, mas insistentemente: ergue-Te.

- do João Gonçalves do Portugal dos Pequeninos:

Sendo o Papa, por excelência, um transmissor da Palavra, é extraordinário ouvir este intelectual alemão perguntar, em pleno solo da horrível memória da morte e do desespero, onde é que estava Deus nesse momento. Por que permaneceste em silêncio, Senhor?, questiona Ratzinger. E o silêncio de Bento XVI, curvado perante o terrível cortejo de sombras de Auchwitz, significa meditar em como é possível continuar a crer depois daquilo. Todavia, é ainda Ratzinger quem responde. "Sim, por detrás destas lápides encontra-se fechado o destino de um número incontável de seres humanos. Eles pertencem à nossa memória e estão no nosso coração. Não têm qualquer desejo que nos enchamos de ódio. Pelo contrário, eles revelam-nos o efeito terrível do ódio. Pretendem ajudar a nossa razão a encarar o mal enquanto tal e a rejeitá-lo. O seu desejo é que se instale em nós a coragem para fazer o bem e para resistir ao mal. Querem que vivamos os sentimentos expressos nas palavras que Sófocles colocou nos lábios de Antígona face ao horror que a cercava: estou aqui não para que nos odiemos todos mas para que nos amemos. Nunca o silêncio falou tanto.