Rua da Fé

sábado, julho 15, 2006

Lendo os outros

A propósito da Lei da Procriação Medicamente Assistida, a opinião de Paulo Lopes Marcelo no Diário Económico:

É lamentável, pois, que esta lei permita a investigação destrutiva em embriões humanos, mesmo em situações de que não resulta um benefício para o próprio embrião, o que constitui uma instrumentalização contrária à sua dignidade, numa cedência a uma lógica utilitarista.Trata-se de um precedente grave. Pela primeira vez em Portugal se legisla contra um Parecer do órgão responsável pela reflexão e aconselhamento ético. De facto, o Conselho de Ética para as Ciências da Vida tinha considerado que ?a destruição de embriões criopreservados com o fim específico de obtenção de células estaminais destinadas a investigação constitui uma instrumentalização contrária à sua dignidade.? (Ponto 12 do Parecer 47/CNECV/2005).
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A lei deve ser prudente, assegurando que o progresso técnico e científico se mantêm ao serviço da humanidade e privilegiando o respeito pelo ser humano face aos interesses da ciência. Não se compreende a razão de não impedir o diagnóstico pré-implantatório, com os riscos de eugenismo que este implica (vd. Parecer do CNECV 3/CNE/93).
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Por outro lado, perdeu-se a oportunidade de impedir todas as formas de clonagem humana e não apenas a clonagem reprodutiva. O ser humano não pode ser ?produzido? ou ?reproduzido? (clonagem) tecnicamente em laboratório. É um caminho demasiado perigoso para ser experimentado sequer. Será que não aprendemos nada com fraude do cientista coreano Hwang Woo-Suk?