Rua da Fé

sábado, outubro 28, 2006

Lendo os outros

O que se fez ou não se fez para que as coisas ficassem na mesma, 8 anos depois. A opinião de Carlos Marques de Almeida, no Diário Económico:
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É o regresso do filho pródigo. Passados oito anos de incúria, esquecimento ou puro desleixo, eis que o aborto invade a agenda política com o argumento clássico da necessidade urgente. Durante oito anos não se avançou como uma política, uma iniciativa ou um pequeno gesto que fosse. Um observador cínico diria que se fez um compasso de espera para criar espaço e oportunidade para um novo referendo. A democracia tem este encanto muito especial - podemos votar sempre, e sempre, e mais uma vez, até que o resultado esteja de acordo com as legítimas expectativas.
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Em Portugal, a discussão sobre o aborto é uma encenação política. Ninguém estará preocupado com o destino da mulher, com o futuro do feto ou com a justiça de uma causa. Tudo se resume à oportunidade, à urgência e ao cálculo político.