Pensar a esquerda
Preocupada com o rumo pós-Sócrates, o que resta da esquerda, a verdadeira, está a fazer o seu deserto. É que isto não toca só à direita. Reunida para reflectir o problema, discutiu o que é ser de esquerda, e as conclusões foram, no mínimo, brilhantes:
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Para uns, ser de esquerda é ser liberal ("é privilegiar a liberdade em relação à produtividade", António Mega Ferreira), para outros é ser céptico (ter "um perfil e um temperamento que cultivam a inquietação da dúvida, contra o conforto da certeza" Nuno Brederode Santos), há os holístas que não chegam a conclusão alguma ("Este é um tema de inesgotável debate e de viva controvérsia que, tratado em poucas palavras, conduz quase fatalmente a fórmulas simplificadoras ou empobrecidas" Vítor Dias). Há mesmo quem recuse a esquerda ("a esquerda é incompatível com embustes e mentiras". Por isso, "o estalinismo, o maoísmo e o kimilsunguismo não são de esquerda" Mário de Carvalho), ou quem pense outra coisa que não tem a ver só com a esquerda (ser de esquerda é manter "uma posição inconformada e inconformista perante as injustiças" Helena Roseta). Há, claro, a velha esquerda ("é avisar toda a gente de que é preciso acabar com o capitalismo - antes que ele acabe connosco" Francisco Martins Rodrigues), e a esquerda que não se compreende bem o que é ("A nova esquerda internacionalista devia começar por impedir o dumping social intra e extramuros que empurra a vida das pessoas para baixo." Medeiros Ferreira).
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Enfim, há de tudo e para todos os gostos. Afinal o que é a esquerda?
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