domingo, julho 30, 2006
Longe das movimentações diplomáticas, da voragem das notícias e das opiniões de circunstância, a reflexão de António Rego, na Agência Ecclesia:
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Vamos descobrindo que a nossa emoção precipita juízos sobre acontecimentos incompletos e ajustáveis ao complexo cósmico e humano. Aqui, sim, vamos ter ao oceano de Deus que ultrapassa o nosso olhar, os nossos espaços, as nossas medidas e as nossas contas. Por isso a fé também se pode definir como o ângulo do olhar de Deus num sentir homogéneo sobre todos os tempos e todos os seres. Não passamos, afinal, duma ínfima ? apesar de infinita - parcela desse todo.
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A Terra Santa está praticamente fechada para guerra. Os peregrinos, sobretudo judeus e cristãos, sentem-se mais distantes da sua Jerusalém que é muito mais que uma cidade de animação urbana ou turística. É um lugar sagrado, uma espécie de ?santo dos santos?, tabernáculo dos acontecimentos que sustentam a fé de várias religiões. Ao longo do tempo tem-se perguntado muitas vezes porquê esta espécie de maldição sobre uma Cidade e uma Terra com uma vocação única para o encontro de Deus com o homem?
Lendo os outros
Para meditar, a opinião de Fernando Marques no JN:
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Quando chegar a "rentrée", e Sócrates com ela, serei outro. Ele dirá "O défice não sei quê, não sei quê", e eu ouvirei um silêncio. Ele dirá: "A educação não sei quê, não sei quê", e eu ouvirei um silêncio. Ele dirá: "A internet não sei quê, não sei quê", e eu ouvirei um silêncio. Saberei então que saiu da minha vida. Que não mais darei ouvidos ao seu verbo. Que, afinal, como eu suspeitava, só há um Sócrates, antigo como o tempo, sábio como a Natureza, humilde como as pedras. Há dois mil e quinhentos anos, então como hoje nem sempre bem entendido, ensinava a mais "simplex" das ideias: sê juiz dos teus próprios pensamentos.
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A SICNotícias transmitiu ontem um documentário sobre a Coreia do Norte. Kim Jong-Il, o líder que zela pelo povo e a quem este tudo deve é ominipresente nos edíficios públicos, nas carruagens do metro, em cada depoimento. Entra pelas casas adentro, invade as almas. É caricatural, mas não será que Portugal experimenta isto sem se dar conta?
sábado, julho 29, 2006
Matar a ansiedade
Por experiência própria, todos sabemos quão difícil é controlar os estados de ansiedade. Vem isto a propósito da notícia do Público, dando conta que um candidato a uma bolsa de investigação científica, não aguentando mais esperar pelos resultados do concurso de 2006 para atribuição das bolsas, modificou um endereço nas páginas da FCT de 2005 para 2006 e percebeu que conseguia ter acesso às listas, antes da aprovação ministerial e consequente divulgação.
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O que ficará por saber é se o autor deste acto ilegal ficou dentro da linha de corte.
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Como o macaco
Desde que a guerra estalou, a ONU não se cansa de apelar ao cessar-fogo imediato. De acordo com o Público, decidiu agora retirar 50 observadores desarmados dos seus postos ao longo da fronteira israelo-libanesa. Desarmados e apanhados no meio da guerra, é para caso para perguntar, o que eles ainda lá estavam a fazer?
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Mas esta não é a única pergunta a que a ONU tem de responder. Esta guerra pôs a descoberto um Hezbollah extremamente bem organizado, um autêntico exército armado até aos dentes com o que de melhor existe. A ONU está no Líbano há 6 anos, através da Força de Manutenção de Paz (UNIFIL). Como foi possível que o Hezbollah se tivesse movimentado à vontade, como quis, debaixo das suas barbas, sem que desse conta? Durante 6 anos a UNIFIL não viu, não ouviu, não disse nada. Surda, muda e queda. Totalmente incompetente.
sexta-feira, julho 28, 2006
Portugal mais pobre
Fora o tom amargo e exagerado do anúncio, os problemas de gestão e a falta dos prometidos patrocínios e apoios que permitiriam a Belgais manter o seu projecto educativo e a programação dos primeiros anos, a saída de Maria João Pires para São Salvador da Baía é uma decisão que envergonha Portugal.
Esta decisão coloca a questão do mecenato cultural em Portugal. Pura e simplesmente não existe. Sem dinheiro e sem uma estratégia e gestão comerciais adequadas, iniciativas como a de Belgais não sobrevivem muito tempo.
Considerada uma das melhores pianistas da actualidade, não é Maria João Pires que precisa de Portugal, é Portugal que precisa de Maria João Pires.
Felizmente, ainda ficam por cá outros artistas de eleição, como o Toy, a Ágata, o Toni Carreira, que enchem de alegria a nossa cultura.
quarta-feira, julho 26, 2006
Fenómenos
Há fenómenos que surgem e desaparecem sem darmos por isso, mas no tempo que duram, deixam uma marca para o futuro. Na música há imensos exemplos destes. Foi o caso dos US3, um colectivo londrino fundado por Geoff Wilkinson e Mel Simpson no início da década de 90. Sob a chancela da prestigiada Blue Note produziram em 1993 o album Hand on the Torch, que apontava o hip-hop como um caminho promissor para o jazz.
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A ouvir o hit Cantaloop, a partir de um clássico de Herbie Hancock, uma batida jazz/hip-hop que contou com a colaboração do rapper Kobbie Powell, e que valeu ao grupo ser considerado o melhor desse ano.
A ouvir o hit Cantaloop, a partir de um clássico de Herbie Hancock, uma batida jazz/hip-hop que contou com a colaboração do rapper Kobbie Powell, e que valeu ao grupo ser considerado o melhor desse ano.
segunda-feira, julho 24, 2006
Lendo os outros
À atenção dos nossos governantes, a opinião de João Cravinho no DN de hoje, sobre a forma como a prevenção - essencial para combater a corrupção -, é praticamente ignorada em Portugal:
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Com efeito, mostra a experiência dos países onde se registam os mais altos índices de eficácia anticorrupção, que esses resultados assentam acima de tudo na adesão a valores éticos e a critérios de gestão de serviços públicos que enfatizam o controlo preventivo do risco sistémico de corrupção.
Nova tentativa
Israel está disposto a aceitar força da UE no Líbano. E o Hezbollah, o Hamas, a Síria e o Irão, também estão?
domingo, julho 23, 2006
Jornada pela paz
Bento XVI pediu uma uma jornada de oração pela paz. Convocou-a para este Domingo, 23 de Julho. Para o Papa, "os libaneses têm o direito de ver respeitada a integridade e a soberania do seu País, os israelitas têm direito de viver em paz no seu Estado e os palestinianos têm direito a ter a sua Pátria, livre e soberana".
Para quando...?
Para quando...?
sábado, julho 22, 2006
Mais um sinal preocupante
Segundo o Público, o Diário Digital e o DN, dois dirigentes sindicais da polícia foram reformados compulsivamente por terem proferido declarações insultuosas para com José Sócrates. Quais foram então as frases da polémica?
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Armando Lopes terá acusado o director nacional de chorar lágrimas de crocodilo, acrescentando que Mário Morgado não interessa nem para mandar nos escuteiros, ao passo que António Ramos vai para casa por ter dito que se o anterior primeiro-ministro [Durão Barroso] foi para Bruxelas, mais depressa este [José Sócrates] vai para o Quénia.
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Esta decisão do Secretário de Estado José Magalhães é grave e inadmissível. Quantos professores não se sentiram insultados pelas declarações da Ministra da Educação? E que dizer das regras de decoro e dignidade nas reacções de Paulo Sucena quando, em conferência de imprensa, classificou as palavras da responsável da tutela como um bárbaro assassínio profissional de mais de 145 mil docentes, e que os professores e educadores estão fartos dos descontrolados impulsos persecutórios da ministra da Educação?
Paulo Sucena, secretário-geral da Fenprof, JornalismoPortoNet a 01/06/2006
Ou as de Augusto Pascoal quando afirmou que temos uma equipa sem visão do que está a fazer, servindo-se de tudo para tentar deixar a ideia de que os professores devem ser extintos, e que vamos ter um grande movimento de docentes manifestando-se contra a atitude anti-negocial, arrogante e desmedida desta equipa ministerial?
Augusto Pascoal, responsável da Fenprof, em declarações à TSF a 18/11/05
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Paulo Sucena, secretário-geral da Fenprof, JornalismoPortoNet a 01/06/2006
Ou as de Augusto Pascoal quando afirmou que temos uma equipa sem visão do que está a fazer, servindo-se de tudo para tentar deixar a ideia de que os professores devem ser extintos, e que vamos ter um grande movimento de docentes manifestando-se contra a atitude anti-negocial, arrogante e desmedida desta equipa ministerial?
Augusto Pascoal, responsável da Fenprof, em declarações à TSF a 18/11/05
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Podíamos fazer aqui uma lista infindável de afirmações do género. Esta medida é uma política do bico calado. Felizmente, ainda acredito que vivemos num país onde o Estado respeita as liberdades individuais e não está ao serviço dos aptetites de um qualquer Secretário de Estado. Ao contrário do que alguns pensam, o problema deste Governo não está nas reformas que pretende fazer, por ex. ao nível da Administração Central do Estado ou da Segurança Social. Preocupantes são estes sinais que, aqui e ali, vão evidenciando pequenos tiques de grande educador, uma obsessão de tudo querer controlar, disciplinar e ter sob a sua pata. São sinais muito preocupantes, para os quais temos de estar vigilantes. Para mim, é aqui que o PS revela o seu esquerdismo mais negro.
sexta-feira, julho 21, 2006
O sucessor
Um dos nomes que se tem vindo a afirmar no panorama do jazz vocal e a despertar grandes expectativas é sem dúvida Peter Cincotti. A sua cadência é marcada pelo retorno aos tempos áureos do jazz vocal, com reminiscências claras em Frank Sinatra.
A preocupação em associar a melodia a boas letras é a chave que permite a Cincotti um fraseado sempre limpo, balançando subtilmente entre movimentos às vezes funky e o impulso ritmico do toque instrumental que imprime ao paino, criando uma tensão constante e produtiva entre as suas origens jazzísticas e incursões mais bluesy.
Para ouvir You dont Know Me, (Peter Cincotti, piano, David Finck, Baixo, Scott Kreitzer, saxofone tenor e Kenny Washington, bateria), onde o timbre, o frasear, a dicção nos remetem para Sinatra e Bennett.
Em Sway (mesma formação), Cincotti mostra como sabe dominar muito bem o espaço jazzístico, ao dar um tratamento de rumba - de para-arranca - a um dos grandes standards americanos. Os solos de piano evidenciam a sua maturidade pianística.
A preocupação em associar a melodia a boas letras é a chave que permite a Cincotti um fraseado sempre limpo, balançando subtilmente entre movimentos às vezes funky e o impulso ritmico do toque instrumental que imprime ao paino, criando uma tensão constante e produtiva entre as suas origens jazzísticas e incursões mais bluesy.
Para ouvir You dont Know Me, (Peter Cincotti, piano, David Finck, Baixo, Scott Kreitzer, saxofone tenor e Kenny Washington, bateria), onde o timbre, o frasear, a dicção nos remetem para Sinatra e Bennett.
Em Sway (mesma formação), Cincotti mostra como sabe dominar muito bem o espaço jazzístico, ao dar um tratamento de rumba - de para-arranca - a um dos grandes standards americanos. Os solos de piano evidenciam a sua maturidade pianística.
terça-feira, julho 18, 2006
Yuri Matushevski
Na tentativa de aproximar a arte à vida, os pintores russos de finais de XIX e princípios de XX, sem se darem conta disso, inauguraram uma escola muito própria, conhecida como impressionismo realista. Toda a pintura de Yuri Matushevski é herdeira desta escola, marcadamente realista, jogando com mestria a luz nas suas telas com a utilização das técnicas do impressionismo.
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O modo apaixonado com que pinta Dia de sol, as tonalidades vivas e claras, as pinceladas fortes e livres que imprime na tela, as sombras e a fragmentação da cor, definem profundamente a sua pintura.
O modo apaixonado com que pinta Dia de sol, as tonalidades vivas e claras, as pinceladas fortes e livres que imprime na tela, as sombras e a fragmentação da cor, definem profundamente a sua pintura.
O desprendimento face aos ideais humanistas da ideologia - ao arrepio do realismo social que impõe à arte o dever de ajudar o proletariado a atingir o seu destino -, não o impedem de tratar a vida quotidiana, como em Ceifando, fazendo a fusão da tradição com a modernidade.
Alpe D'Huez e Agostinho
Costuma-se dizer que é nas montanhas que se ganha o Tour. Por isso hoje é um dia especial, a caravana vai subir ao Alpe d?Huez, uma etapa fora de categoria, com picos cuja dificuldade de ascensão está além de qualquer categorização. Vai ser um final de etapa em grande, com 21 curvas e a chegada a 1 850 m de altitude.
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Mas esta 15ª etapa vai ter um significado ainda mais especial. Segundo A Bola, na 14ª curva vai ser inaugurado um busto em homenagem a Joaquim Agostinho. Agostinho foi o único ciclista português a vencer essa mítica etapa do Tour com chegada ao Alpe d'Huez, em 1979. Nesse ano foi o terceiro classificado da Volta a França, repetindo a posição do ano anterior.
segunda-feira, julho 17, 2006
Na mouche
No Abrupto, a contribuição de Pedro Arroja sobre o sigilo fiscal:
Um princípio - qualquer princípio -, é bom, não porque permita resolver todos os problemas associados à situação a que se aplica, mas porque permite resolver a maior parte deles e, sobretudo, porque permite evitar males que seriam ainda maiores.
Neste sentido, o princípio do sigilo fiscal é, inegavelmente, um bom princípio. Basta pensar no que seria a vida em sociedade - se é que a vida em sociedade seria possível de todo - sem ele. O princípio do sigilo fiscal não foi concebido como instrumento para proteger contribuintes faltosos, por isso, a sua revogação não será nunca um instrumento eficaz para os penalizar.
Pelo contrário, a revogação deste princípio, conduz ao processo que você próprio desencadeou: o Estado propõe-se divulgar a lista dos contribuintes faltosos (primeira violação) e você propõe também que se divulgue a lista dos serviços do Estado que estão em falta para com os cidadão (segunda violação); vem depois um leitor seu pedir que se divulgue a lista das dívidas do Estado para com os advogados que prestam apoio judiciário (terceira violação). Quando este processo estiver terminado, existirão argumentos, todos eles perfeitamente racionais, para que se divulgue a lista dos cidadãos que devem aos Bancos, aos supermercados, aos senhorios e aos padeiros, dos pais que devem aos filhos e dos maridos que devem às mulheres. Pergunto-lhe se acha possível viver numa sociedade assim.
Na minha opinião, o número óptimo de listas negras não é uma nem, muito menos, duas. É zero.
domingo, julho 16, 2006
Ao lado do Japão
Após intensos esforços diplomáticos desenvolvidos pelo Japão para conseguir apoio à sua proposta, o Conselho de Segurança da ONU condenou por unanimidade os testes de mísseis efectuados pela Coreia do Norte. (Público)
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Para evitar o veto chinês, o Japão teve de fazer cair a referência ao Capítulo VII da Carta das ONU que prevê, em último caso, o recurso à força.
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Esta já é a segunda vez. Em 1998, a ONU aprovou uma primeira proposta, sem qualquer medida punitiva, depois da Coreia do Norte ter lançado um míssil que sobrevoou o Japão, provocando o pânico no país.
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Na resposta, a Coreia do Norte bateu um recorde histórico, demorou 45 minutos a rejeitar a resolução após a sua adopção.
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A história ensina-nos que as mensagens sem medidas de coacção ficam sem efeito, dizia há dias Taro Azo, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão. Será uma verdade de La Palisse?
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Para evitar o veto chinês, o Japão teve de fazer cair a referência ao Capítulo VII da Carta das ONU que prevê, em último caso, o recurso à força.
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Esta já é a segunda vez. Em 1998, a ONU aprovou uma primeira proposta, sem qualquer medida punitiva, depois da Coreia do Norte ter lançado um míssil que sobrevoou o Japão, provocando o pânico no país.
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Na resposta, a Coreia do Norte bateu um recorde histórico, demorou 45 minutos a rejeitar a resolução após a sua adopção.
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A história ensina-nos que as mensagens sem medidas de coacção ficam sem efeito, dizia há dias Taro Azo, Ministro dos Negócios Estrangeiros do Japão. Será uma verdade de La Palisse?
sábado, julho 15, 2006
Lendo os outros
A propósito da Lei da Procriação Medicamente Assistida, a opinião de Paulo Lopes Marcelo no Diário Económico:
É lamentável, pois, que esta lei permita a investigação destrutiva em embriões humanos, mesmo em situações de que não resulta um benefício para o próprio embrião, o que constitui uma instrumentalização contrária à sua dignidade, numa cedência a uma lógica utilitarista.Trata-se de um precedente grave. Pela primeira vez em Portugal se legisla contra um Parecer do órgão responsável pela reflexão e aconselhamento ético. De facto, o Conselho de Ética para as Ciências da Vida tinha considerado que ?a destruição de embriões criopreservados com o fim específico de obtenção de células estaminais destinadas a investigação constitui uma instrumentalização contrária à sua dignidade.? (Ponto 12 do Parecer 47/CNECV/2005).
É lamentável, pois, que esta lei permita a investigação destrutiva em embriões humanos, mesmo em situações de que não resulta um benefício para o próprio embrião, o que constitui uma instrumentalização contrária à sua dignidade, numa cedência a uma lógica utilitarista.Trata-se de um precedente grave. Pela primeira vez em Portugal se legisla contra um Parecer do órgão responsável pela reflexão e aconselhamento ético. De facto, o Conselho de Ética para as Ciências da Vida tinha considerado que ?a destruição de embriões criopreservados com o fim específico de obtenção de células estaminais destinadas a investigação constitui uma instrumentalização contrária à sua dignidade.? (Ponto 12 do Parecer 47/CNECV/2005).
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A lei deve ser prudente, assegurando que o progresso técnico e científico se mantêm ao serviço da humanidade e privilegiando o respeito pelo ser humano face aos interesses da ciência. Não se compreende a razão de não impedir o diagnóstico pré-implantatório, com os riscos de eugenismo que este implica (vd. Parecer do CNECV 3/CNE/93).
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Por outro lado, perdeu-se a oportunidade de impedir todas as formas de clonagem humana e não apenas a clonagem reprodutiva. O ser humano não pode ser ?produzido? ou ?reproduzido? (clonagem) tecnicamente em laboratório. É um caminho demasiado perigoso para ser experimentado sequer. Será que não aprendemos nada com fraude do cientista coreano Hwang Woo-Suk?
sexta-feira, julho 14, 2006
Importam-se de repetir?
Nestas coisas a gente não brinca, não fazemos por menos, é tudo a dobrar:
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- Médias dos exames nacionais do 12º ano desceram em relação a 2005;
- Alunos que fizeram exames de Química e Física vão poder repetir as provas na 2ª fase;
- Chumbos a Física e Química duplicaram em relação ao ano passado;
- Negativas nos exames de Português do 9º duplicaram;
- Médias dos exames nacionais do 12º ano desceram em relação a 2005;
- Alunos que fizeram exames de Química e Física vão poder repetir as provas na 2ª fase;
- Chumbos a Física e Química duplicaram em relação ao ano passado;
- Negativas nos exames de Português do 9º duplicaram;
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Ou seja, Portugal em queda livre. E ainda por cima, segundo o Público, o Ministério do estado da Educação, feliz e contente, considera os resultados razoáveis. Boa.
quinta-feira, julho 13, 2006
Lendo na blogosfera
Em destaque, a réplica do Bruno Cardoso Reis de O Amigo do Povo à hostilidade anti-católica do Diário ateísta.
Os Católicos e o Vaticano fizeram mais do que qualquer outra organização não judaica para salvar judeus e outras vítimas da perseguição nazi, como foi repetidamente reconhecido na alturas e nas décadas logo a seguir à Segunda Guerra Mundial por personalidades judaicas tão variadas como Einstein, Chaim Weizmann ou Golda Meir. Argumentar que estas figuras estavam todas enganadas quanto ao fundamental, ou desejosas de cair nas boas graças do Vaticano, numa questão tão delicada, é simplesmente ridículo. Este ano, indignado com a manipulação gritante e o tráfico das vítimas do Holocausto para efeitos de ataques à Igreja Católica, o rabi e historiador David Dalin publicou The Myth of Hitler?s Pope.
Portugal a arder: a morte social do interior
Ciclicamente, verão após verão é o que se vê. O fogo a lavrar serras e serras. Já aqui escrevi sobre este assunto. Travar este ciclo de desvastação é uma urgência. Porque carga de água nenhuma medida tem resultado? Algumas respostas podem ser encontradas na entrevista concedida por Pedro de Almeida Vieira ao DN:
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Somos o país com maior taxa de desflorestação causada pelos fogos a nível mundial. E isso aconteceu ao mesmo tempo que houve investimentos enormes nos meios de combate. A área ardida aumentou quase proporcionalmente aos gastos.
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Também sempre estranhei a exagerada tónica que se dá ao mito do incendiário, que surge como bode expiatório para desculpar as atitudes de negligência da maior parte da população. Constatei ainda que, nos últimos cinco anos, só 4,5 % dos fogos foram investigados. E que onde há mais incêndios não há mais investigação.
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Não houve um único governo que tenha levado a sério este problema. Ainda alimentam mais os mitos, como o dos malvados que metem fogos. Ao nível da legislação, fiz uma comparação da que foi produzida nos últimos 30 anos e é basicamente igual. Por exemplo, fumar na floresta já era proibido nos anos 70.
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[O Governo t]em de tomar uma decisão de fundo que é mudar completamente o sistema e assentá-lo numa estrutura profissional. Há uma má distribuição das corporações, pois onde temos mais área ardida é onde há menor capacidade de intervenção. Os meios aéreos têm sido um negócio que deixa muito a desejar, porque não são eficazes, não estão bem localizados e o seu uso não é adequado. Não é sensato que Espanha investigue 85% dos fogos e nós 4,5%; que os governos tenham deixado as autarquias permitir a construção em área florestal; que os postos de vigia consigam localizar apenas 13% dos incêndios; e que o Governo tenha medo de fazer uma avaliação à intervenção dos bombeiros. Devia ser criado um pacto a nível político para criar estabilidade e se lançarem políticas de fundo. Não podemos admitir que um governo tenha um ano de graça que justifique a desgraça. Outro problema estrutural é o despovoamento rural, a crise florestal e a crise agrícola. Não podemos esperar milagres quando o País se desertifica no interior. Inverter isto agora é muito complicado. Temos de reconhecer que não podemos ter a floresta que gostávamos de ter e que há situações em que reflorestar é perpetuar a desgraça. E do ponto de vista económico é desastroso.
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O fogo está a ser a última machadada no despovoamento do interior. É a morte social de algumas regiões do País.
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Os resultados da investigação levada a cabo por este investigador podem ser lidas no livro Portugal: o vermelho e o negro, a lançar hoje e discutidos aqui.
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Também sempre estranhei a exagerada tónica que se dá ao mito do incendiário, que surge como bode expiatório para desculpar as atitudes de negligência da maior parte da população. Constatei ainda que, nos últimos cinco anos, só 4,5 % dos fogos foram investigados. E que onde há mais incêndios não há mais investigação.
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Não houve um único governo que tenha levado a sério este problema. Ainda alimentam mais os mitos, como o dos malvados que metem fogos. Ao nível da legislação, fiz uma comparação da que foi produzida nos últimos 30 anos e é basicamente igual. Por exemplo, fumar na floresta já era proibido nos anos 70.
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[O Governo t]em de tomar uma decisão de fundo que é mudar completamente o sistema e assentá-lo numa estrutura profissional. Há uma má distribuição das corporações, pois onde temos mais área ardida é onde há menor capacidade de intervenção. Os meios aéreos têm sido um negócio que deixa muito a desejar, porque não são eficazes, não estão bem localizados e o seu uso não é adequado. Não é sensato que Espanha investigue 85% dos fogos e nós 4,5%; que os governos tenham deixado as autarquias permitir a construção em área florestal; que os postos de vigia consigam localizar apenas 13% dos incêndios; e que o Governo tenha medo de fazer uma avaliação à intervenção dos bombeiros. Devia ser criado um pacto a nível político para criar estabilidade e se lançarem políticas de fundo. Não podemos admitir que um governo tenha um ano de graça que justifique a desgraça. Outro problema estrutural é o despovoamento rural, a crise florestal e a crise agrícola. Não podemos esperar milagres quando o País se desertifica no interior. Inverter isto agora é muito complicado. Temos de reconhecer que não podemos ter a floresta que gostávamos de ter e que há situações em que reflorestar é perpetuar a desgraça. E do ponto de vista económico é desastroso.
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O fogo está a ser a última machadada no despovoamento do interior. É a morte social de algumas regiões do País.
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Os resultados da investigação levada a cabo por este investigador podem ser lidas no livro Portugal: o vermelho e o negro, a lançar hoje e discutidos aqui.
Crónica sobre o estado a que chegou a Nação
Pedro Mexia, em grande forma, no DN de hoje:
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Ideologicamente, a situação é ainda mais complicada. Eu sou um homem da direita moderada (aquilo que a direita musculada chama "um homem de esquerda"). O Governo é um Governo de centro-esquerda (aquilo a que esquerda ideológica chama "um Governo de direita"). Assim, tenho dificuldade em embirrar com este executivo dito socialista. Chego a pedir interiormente a Sócrates que diga qualquer coisa de esquerda (como no filme de Nanni Moretti), para que eu o critique com convicção. Mas o máximo que Sócrates consegue é um remoque à General Motors. No mais, um reformismo sem ideologia e muita bazófia. Alguns coices à "esquerda conservadora e corporativa". E a ideia totalmente direitista de que se há contestação sindicial, isso é uma "homenagem ao Governo".
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Não sei exactamente qual é o estado da Nação. Creio que não se recomenda, porque nunca se recomenda. Sei que teremos mais dois anos e meio, talvez seis e meio, disto. De socialismo sem cafeína, com um tecnocrata colérico mas reservado. De bloquismo bloqueado, entre o desengravatamento e o aburguesamento. De comunismo igual a sempre, barroco na linguagem maniqueísta a descambar para António Aleixo. De uma direita que não esconde algum contentamento por ver a esquerda fazer o seu trabalho sujo, enquanto se mantém aninhada entre o apagamento de Mendes e as Equipas de Nossa Senhora de Ribeiro e Castro. Não sei exactamente qual é o estado da Nação. Mas creio que não se recomenda.
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Ideologicamente, a situação é ainda mais complicada. Eu sou um homem da direita moderada (aquilo que a direita musculada chama "um homem de esquerda"). O Governo é um Governo de centro-esquerda (aquilo a que esquerda ideológica chama "um Governo de direita"). Assim, tenho dificuldade em embirrar com este executivo dito socialista. Chego a pedir interiormente a Sócrates que diga qualquer coisa de esquerda (como no filme de Nanni Moretti), para que eu o critique com convicção. Mas o máximo que Sócrates consegue é um remoque à General Motors. No mais, um reformismo sem ideologia e muita bazófia. Alguns coices à "esquerda conservadora e corporativa". E a ideia totalmente direitista de que se há contestação sindicial, isso é uma "homenagem ao Governo".
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Não sei exactamente qual é o estado da Nação. Creio que não se recomenda, porque nunca se recomenda. Sei que teremos mais dois anos e meio, talvez seis e meio, disto. De socialismo sem cafeína, com um tecnocrata colérico mas reservado. De bloquismo bloqueado, entre o desengravatamento e o aburguesamento. De comunismo igual a sempre, barroco na linguagem maniqueísta a descambar para António Aleixo. De uma direita que não esconde algum contentamento por ver a esquerda fazer o seu trabalho sujo, enquanto se mantém aninhada entre o apagamento de Mendes e as Equipas de Nossa Senhora de Ribeiro e Castro. Não sei exactamente qual é o estado da Nação. Mas creio que não se recomenda.
quarta-feira, julho 12, 2006
terça-feira, julho 11, 2006
Lei da Procriação Medicamente Assistida aprovada
Ao aprovar a Lei sobre a Procriação Medicamente Assistida, o Presidente da República enviou uma mensagem à Assembleia da República, chamando a atenção para os seguintes pontos:
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- por um lado, para a necessidade de regulação complementar no domínio da protecção efectiva da vida humana embrionária - um imperativo tanto mais relevante quanto se dá o caso de o objecto do diploma transcender o âmbito estrito da procriação medicamente assistida;
- por outro, para a composição e condições de funcionamento do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida.
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- por um lado, para a necessidade de regulação complementar no domínio da protecção efectiva da vida humana embrionária - um imperativo tanto mais relevante quanto se dá o caso de o objecto do diploma transcender o âmbito estrito da procriação medicamente assistida;
- por outro, para a composição e condições de funcionamento do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida.
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A propósito desta questão, a Conferência Episcopal Portuguesa manifestou a sua posição, através da seguinte nota.
The Queen
A vivacidade das interpretações e o temperamento fogoso valeram a Dinah Washington o apelido bem merecido de A Rainha, pois foi a mais original e influente de todas as grandes cantoras surgidas depois da 2ª Grande Guerra.
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Dinah possuia uma voz de tessitura ampla, um vibrato controlado e um registo alto e flexível, com uma gama de matizes que alternava ressonâncias penetrantes com complexas inflexões opacas. Além disso, a sua dicção era perfeita, não deformava as palavras, pronunciava-as com uma clareza quase alarmante.
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As qualidades vocais e a admirável entoação, aliados ao extremo cuidado com as palavras e ao excepcional tratamento que dava aos textos fundiam-se num estilo único, um canto vibrante e intensamente emotivo, dotado de um swing genuíno e palpitante, de um fraseado surpreendente e de grande mobilidade. capaz de obter o equilíbrio ideal entre os elementos essenciais e o adorno imaginativo.
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Para ouvir Mad about the boy, uma impressionante balada interpretada com o coração nas mãos e com a voz desgarrada e sincera, atormentando sem piedade notas e sílabas com um tratamento gospel.
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Dinah possuia uma voz de tessitura ampla, um vibrato controlado e um registo alto e flexível, com uma gama de matizes que alternava ressonâncias penetrantes com complexas inflexões opacas. Além disso, a sua dicção era perfeita, não deformava as palavras, pronunciava-as com uma clareza quase alarmante.
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As qualidades vocais e a admirável entoação, aliados ao extremo cuidado com as palavras e ao excepcional tratamento que dava aos textos fundiam-se num estilo único, um canto vibrante e intensamente emotivo, dotado de um swing genuíno e palpitante, de um fraseado surpreendente e de grande mobilidade. capaz de obter o equilíbrio ideal entre os elementos essenciais e o adorno imaginativo.
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Para ouvir Mad about the boy, uma impressionante balada interpretada com o coração nas mãos e com a voz desgarrada e sincera, atormentando sem piedade notas e sílabas com um tratamento gospel.
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Para terminar All of me, actuação no Festival de Newport em 1958, imortalizada no documentário Jazz On A Summers Day, acompanhada por Terry Gibbs (vibrafonista), Urbie Greene (Trombone), Wynton Kelly (piano), Paul West (contrabaixo) e Max Roach (bateria).
Para terminar All of me, actuação no Festival de Newport em 1958, imortalizada no documentário Jazz On A Summers Day, acompanhada por Terry Gibbs (vibrafonista), Urbie Greene (Trombone), Wynton Kelly (piano), Paul West (contrabaixo) e Max Roach (bateria).
LADIES AND GENTLMEN...ITS JAZZTIME!
Numa ocasião, um jornalista terá perguntado a Ella Fitzgerald o que era o jazz.. Depois de alguns momentos de hesitação, Ella começou a estalar ritmicamente os dedos e disse: Isto...isto é o jazz.
O jazz foi um dos maiores contributos do século XX para a história da música. É sobretudo uma paixão. John Coltrane, um dos grandes, soube melhor do que ninguém descrever este pulsar ao referir que o verdadeiro potencial da música é ainda uma incógnita. A descoberta desta força apaixona-me. Eu gostaria de provocar reacções nos que me escutam. Chegar a criar atmosferas, verdadeiros estados de espírito.
O jazz foi um dos maiores contributos do século XX para a história da música. É sobretudo uma paixão. John Coltrane, um dos grandes, soube melhor do que ninguém descrever este pulsar ao referir que o verdadeiro potencial da música é ainda uma incógnita. A descoberta desta força apaixona-me. Eu gostaria de provocar reacções nos que me escutam. Chegar a criar atmosferas, verdadeiros estados de espírito.
segunda-feira, julho 10, 2006
O bailado das cores da natureza
O verão é sempre esplêndido em Skagen. O segredo do bom tempo nesta parte da Dinamarca é mesmo a luz. Há na claridade e na duração desta luz algo de único e especial. O tempo é bom e o sol põe-se muito tarde. Era isto que trazia todos os verões Kroyer a Skagen, na tentativa de imortalizar a luz e a intensidade do azul, os pescadores e as pessoas a passear na praia.
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É desse tempo O banho das crianças. Kroyer consegue neste quadro, com pinceladas soltas, reproduzir a luz e o movimento, capturando as nuances da água do mar, que mudam constantemente consoante a incidência da luz do sol. E as sombras luminosas e coloridas das ondas e das crianças brincando, tão bem conseguidas através de um amarelo próximo a um violeta, que nos causam uma impressão visual muito real.
Machadada no lobby das farmácias
Segundo o Diário Digital, o Governo vai criar um fundo público para garantir o pagamento das divídas que o Estado permanentemente acumula ao sector farmacêutico.
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Com esta medida, estão criadas as condições para acabar com o paraíso do negócio das farmácias. Nenhum governo conseguiu até hoje acabar com este monopólio, onde prevalece o interesse de uma corporação sobre o interesse dos cidadãos. Como se compreende que o nº de farmácias seja definido por quilómetro quadrado? Que só um graduado em Farmácia possa abrir um estabelecimento? Que um farmacêutico tenha de trespassar o seu estabelecimento se os filhos não forem licenciados em Farmácia? Tudo isto é absurdo, tudo isto tem de acabar.
domingo, julho 09, 2006
Lendo os outros
Ainda sobre o fisco e o sigilo bancário, escreve Nuno Brederode Santos no DN de hoje:
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Pela enésima vez, discutem-se as condições e modalidades do levantamento do sigilo bancário para efeitos fiscais. A opinião pública - e eu bem dentro dela - ainda não terá entendido por que razões o fisco não pode ter um acesso livre (restringido só pelo segredo funcional) às contas bancárias do cidadão contribuinte. Compreendo muito bem o meu direito a que o meu vizinho não saiba o que vai pelas minhas contas. Mas o fisco? Não havendo propriamente um direito meu à fraude e à evasão, o que é que tal sigilo visa acautelar? Qual é o direito da personalidade, qual é o elemento da minha privacidade, que são ameaçados se e quando a administração fiscal puder conhecer a origem lícita dos depósitos na minha conta bancária? Ou o que está em causa é um direito à privacidade do ilícito? As perguntas são tão rudimentares e correntes que certamente as objecções que as calam são da mais inatingível sofisticação técnica.
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Se bem entendi, NBS defende que quem não cometeu algum ilícito não deve temer que o Estado tenha acesso a tudo o que bem entender. Eu não dormiria descansado por saber que o Estado cuida de nós, protegido por um Big Brother.
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O Estado pode estar a precisar de dinheiro, pode haver muita gente a fugir ao fisco. É grave. Mas esta questão situa-se num outro plano; o problema da liberdade não se reduz a questões fiscais, tem a ver com a esfera de decisão pessoal de cada um, da responsabilidade inerente ao uso dessa liberdade e do respeito pela liberdade dos outros. Estamos na dimensão ética.
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É aterrador saber que não há limites à acção do Estado. Passo a passo, sem darmos conta, com a desculpa de combater isto e aquilo, assistimos ao lento mas bem sucedido controlo do Estado sobre a esfera privada.
Duc in Altum - Família, faz-te ao largo
A família é o núcleo fundamental da sociedade. É nela que o homem recebe as primeiras e determinantes noções acerca da verdade e do bem, aprende o que significa amar e ser amado. Através do matrimônio, da doação recíproca de si mesmo por parte do homem e da mulher, ela cria um ambiente vital onde a criança pode nascer e desenvolver as suas potencialidades, tornar-se consciente da sua dignidade e preparar-se para enfrentar o seu único e irrepetível destino. Aprende o que é ser pessoa em concreto.
Foi esta a mensagem que Bento XVI veio reafirmar em Valência, cidade que recebe o V Encontro Mundial das Famílias e que a Agência Ecclesia tem acompanhado a par e passo:
Queremos que as pessoas percebam que, de acordo com a natureza humana, o homem e a mulher foram feitos um para o outro e a sua união existe para dar futuro à humanidade.
Em 2002, para comemorar os 20 anos da Exortação Apostólica Familiaris Consortio de João Paulo II, a Conferência Episcopal Portuguesa promoveu um Congresso Nacional, encerrada por D. José Policarpo com esta reflexão sobre O papel da família no Mundo.
Ratzinger e as ideias feitas
Bento XVI arrasou com o Ratzinger fabricado pelos media, quem o diz é Peter Seewald, entrevistado pelo ABC:
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Él no busca dar un nuevo rostro al Papado sino un debate reforzado con los obispos; y su inquietud central: hacer saber a creyentes y alejados lo que él ha descubierto, volver a presentarles a Cristo. No se llama a engaño sobre la crisis de la Iglesia y la sociedad, sabe lo que se ha roto en la sustancia de la fe y lo difícil que es, no sólo hacer comprensible el Evangelio en este mundo laico, con tan nuevos derroteros, sino hacerlo digno de emular. Empieza por las raíces y aparca cuestiones que ve secundarias, pero que tanto nos han atormentado: celibato, ordenación de mujeres. Cree que el verdadero problema de la Iglesia viene de que hemos perdido la cultura de la fe, muchos ya no saben de qué hablan ni de qué va el mensaje de Jesús.
sábado, julho 08, 2006
Lendo na blogosfera
A propósito da história do fisco poder vasculhar as nossas contas sempre que nos queixarmos dele, a opinião de João Miranda do Blafémias.
sexta-feira, julho 07, 2006
Os desafios de Portugal
Um modelo competitivo fora de prazo, trabalhadores pouco qualificados, uma noção de produtividade que rima mais com quantidade do que qualidade. Este é o cenário português numa Europa a 25 traçado por Augusto Mateus em entrevista ao Semanário Económico.
Será que li bem?
Numa altura em que o Executivo avança com o Plano de Reestruturação da Administração Central do Estado (PRACE), por forma a tornar o Estado menos pesado, menos gastador e melhor prestador de serviços, ficamos a saber pelo JN que reclamar contra o fisco vai implicar perder o sigilo bancário:
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Mas em que país é que estamos? Isto é o mesmo que dizer ao Zé Povinho Cala-te ou a gente vasculha-te. Estamos de acordo que, se houver suspeitas de alguma ilegalidade, a pessoa em causa seja investigada. Agora, alguém ser sujeito à quebra do sigilo bancário, só porque reclamou? Com que direito? Porquê? O Estado é nosso, não somos nós que somos do Estado. O Estado existe para nos servir, não somos nós que existimos para servir o Estado. Sério sério é o facto do fisco ter deixado prescrever 231 milhões de euros em 2005, que as divídas prescritas subiram o ano passado 5,6% relativamente a 2004, e que esta tendência se vai manter nos próximos anos. É com problemas destes que o Estado devia se preocupar mais e não com ameaças do género as quais, parecendo inocentes, são importantes atentados aos nossos direitos e liberdades.
quinta-feira, julho 06, 2006
Lendo os outros
Sobre a responsabilidade social das empresas, o exemplo do Banco Popular, contado por António Peres Metelo no DN de hoje.
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Em suma, a empresa assume um protagonismo social com medidas, adaptadas a cada empregado, ajudando-o a ultrapassar situações simultaneamente difíceis e da maior importância para a sua vida privada. Não causará surpresa constatar que os laços laborais saem muito reforçados, que o Banco Popular exibe o melhor rácio de eficiência de toda a banca ibérica e que, com esta estratégia, se procura promover a natalidade e a coesão familiar entre os colaboradores daquele banco, conhecido pela influência que a Opus Dei exerce sobre os seus principais quadros dirigentes.
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Em suma, a empresa assume um protagonismo social com medidas, adaptadas a cada empregado, ajudando-o a ultrapassar situações simultaneamente difíceis e da maior importância para a sua vida privada. Não causará surpresa constatar que os laços laborais saem muito reforçados, que o Banco Popular exibe o melhor rácio de eficiência de toda a banca ibérica e que, com esta estratégia, se procura promover a natalidade e a coesão familiar entre os colaboradores daquele banco, conhecido pela influência que a Opus Dei exerce sobre os seus principais quadros dirigentes.
quarta-feira, julho 05, 2006
Duas boas notícias
Ficamos a saber pelo Jornal de Negócios que a nova fórmula de cálculos das pensões não vai ter efeitos retroactivos. O princípio da não-retroactividade da lei é um dos fundamentos do Direito. Espanta pois como, com tanto assessor entendido na matéria, o Ministro Vieira da Silva tenha cometido um lapso destes.
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Outra boa notícia tem a ver com o reforço da cooperação entre o Tribunal de Contas e a Autoridade da Concorrência, no sentido de tornarem mais eficaz o combate à concertação de preços entre empresas. Num momento em que Portugal entrou em força na criação das entidades reguladoras, em que os monopólios naturais acabaram, em que os mercados se internacionalizaram e se tornou mais difícil para as autoridades nacionais controlar o comportamento do sector privado dentro das suas fronteiras, este é um sinal importante para a transparência do mercado e a confiança dos consumidores.
Uma já cá canta
No Mundial de 1982, quem diria que o Brasil, depois da memorável exibição contra a URSS e de passear classe na 1ª fase, seria implacavelmente batido por uma Itália que se vinha arrastando miseravelmente até ali, mas que a partir dali arrancou para a conquista do Mundial?
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Ainda hoje no Brasil, nas palavras cruzadas, Paolo Rossi é sinónimo de carrasco do Brasil na Copa de 82.
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Ontem, a Squadra Azzurra mostrou-se como há muito não se via. Defendeu como é seu timbre, dominou o jogo por inteiro, criou triangulações, atacou, cativou. Quando toda a gente olhava para o relógio a pensar nas penalidades, pum, pum, duas batatas de Grosso e Del Piero. A velha classe italiana despertou de novo.
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Agora, Portugal ou França, qual das duas se juntará à Itália na Final de Domingo?
terça-feira, julho 04, 2006
O eterno trovador
Um dos melhores registos da história do Rock é sem dúvida Dejá Vu, essa peça inesquecível assinada por Neil Young em perceria com Crosby, Still and Nash.
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Trovador da contracultura americana, sonhador e intimista, torna-se díficil não reconhecer em cada frase de Young o sentimento de perda, de ausência, de arrependimento e mesmo de redenção. A sua música tem o condão de trazer à memória a magia dos tempos perdidos.
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Acompanhado com os Crazy Horse, o homem da guitarra e da harmónica conjuga uma toada folk com os espiritos do passado do country e a vida simples da América profunda. Nele tudo é sentimento, raiva, solidão, fragilidade, alegria, desabafos.
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Para recordar, aqui fica o clip de The Painter.
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Trovador da contracultura americana, sonhador e intimista, torna-se díficil não reconhecer em cada frase de Young o sentimento de perda, de ausência, de arrependimento e mesmo de redenção. A sua música tem o condão de trazer à memória a magia dos tempos perdidos.
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Acompanhado com os Crazy Horse, o homem da guitarra e da harmónica conjuga uma toada folk com os espiritos do passado do country e a vida simples da América profunda. Nele tudo é sentimento, raiva, solidão, fragilidade, alegria, desabafos.
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Para recordar, aqui fica o clip de The Painter.
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E porque cada uma das suas canções são um pedaço de vida, para ouvir:
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Políticas à parte, esta música faz-nos sentir bem como seres humanos.
segunda-feira, julho 03, 2006
De lírios
É verdade que a pintura de Van Gogh explode em milhões de girassóis, de longas folhas desajeitadas e enormes corolas doiradas, seguindo cegamente o sol. É verdade que só Van Gogh é capaz de pintar o vento.
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Mas também florescem lírios na sua pintura. Durante o internamento no hospital de Saint-Rémy, depois de mais uma crise, Van Gogh não deixou de pintar. Acompanhado de um zelador, o pintor percorre os arredores buscando inspiração. São deste período Os lírios.
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As pinceladas foram deixadas de lado e as curvas em espiral começam a aparecer na sua pintura. A paleta está cheia cheia de cores: azul celeste, laranja, rosa, cinábrio, violeta, borra de vinho.
Lendo os outros
A Esquerda e a Direita segundo Vasco Pulido Valente, via DN:
Não sei se a direita e a a esquerda são hoje inteiramente reformáveis. O grande problema das sociedades contemporâneas no Ocidente é o papel que o Estado mantém. O Estado vai absorvendo cada vez mais as energias, a capacidade de trabalho e a inteligência da sociedade, deixando uma faixa cada vez mais estreita à iniciativa privada, sobretudo à iniciativa privada económica. O problema da esquerda e da direita é o mesmo: as diferenças declaradas que existem são sobre a maneira de gerir o Estado.
Investimento ou desperdício?
Lemos e não acreditamos, em 2009 uma viagem Lisboa-Faro levará menos 10 minutos que o tempo actualmente gasto. Para o efeito, a Refer deverá gastar 145 milhões de euros.
Há décadas que os nossos caminhos de ferro são um sorvedouro de dinheiro. Continuamos na mesma. Alguém me pode explicar em que beneficia o país por o Algarve ficar dez minutos mais próximo de Lisboa? Não será isto um escândalo?
domingo, julho 02, 2006
A Doutrina Social da Igreja e o capitalismo
Na agenda dos debates do Fórum Económico Mundial, realizado como sempre em Janeiro na cidade de Davos, foram incluídos temas tão diversos como a ecologia, as pandemias, a intolerância religiosa, o desemprego e o futuro dos sistemas de segurança social.
A tónica dominante foi a responsabilidade social das empresas, e não foi por acaso que no painel encarregado de elaborar as conclusões se incluía o cardeal Martino, Presidente Pontifical para a Justiça e Paz. A mensagem então foi inequívoca: Os governos e as empresas devem centrar-se na justiça social e não apenas no mercado.
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Vem isto a propósito da notícia da Agência Ecclesia, que nos dá conta do Seminário promovido pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) sobre O Compêndio da Doutrina Social da Igreja e a vida empresarial. Segundo Bagão Félix, um dos promotores do encontro, a Doutrina Social da Igreja é destinada a todos os homens de boa vontade e sendo uma teologia moral tem um sentido universal e intemporal que permite estar permanentemente actualizada à luz do Evangelho, para as realidades económicas e sociais da globalização, da empresa, do mercado, do consumo da família, e da vida humana.
A tónica dominante foi a responsabilidade social das empresas, e não foi por acaso que no painel encarregado de elaborar as conclusões se incluía o cardeal Martino, Presidente Pontifical para a Justiça e Paz. A mensagem então foi inequívoca: Os governos e as empresas devem centrar-se na justiça social e não apenas no mercado.
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Vem isto a propósito da notícia da Agência Ecclesia, que nos dá conta do Seminário promovido pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE) sobre O Compêndio da Doutrina Social da Igreja e a vida empresarial. Segundo Bagão Félix, um dos promotores do encontro, a Doutrina Social da Igreja é destinada a todos os homens de boa vontade e sendo uma teologia moral tem um sentido universal e intemporal que permite estar permanentemente actualizada à luz do Evangelho, para as realidades económicas e sociais da globalização, da empresa, do mercado, do consumo da família, e da vida humana.
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Como dizia João Paulo II, a Igreja não tem soluções técnicas para oferecer face os problema do subdesenvolvimento enquanto tal, ela não propõe sistemas ou programas económicos e políticos, nem manifesta preferência por uns ou por outros, contanto que a dignidade do homem seja respeitada. No entanto, Ela tem uma palavra a dizer. (Sollicitudo Rei Socialis).
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É bom sabermos que esta palavra é cada vez mais procurada e escutada no Fóruns onde se reunem os grandes senhores da economia.
Lendo os outros
O olhar de um jornalista sobre o jornalismo que temos:
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Os jornais tanto me encantam como desencantam. Antigamente dizia-se que o jornalismo era fraco devido à longa noite da censura, à noite salazarista. O 25 de Abril já se deu há muitos anos, hoje há liberdade plena de acção, de escrita. Vejo que o nosso jornalismo enferma muito de espírito crítico, de análise, de intervenção criteriosa, honesta, documentada e incisiva. Estamos a fazer um jornalismo demasiado partidário. O jornalista como homem, como cidadão, deve ter as suas convicções políticas mas deve pôr ao serviço da sua pena, da função social da imprensa, a verdade, a crítica analítica.
Os jornais tanto me encantam como desencantam. Antigamente dizia-se que o jornalismo era fraco devido à longa noite da censura, à noite salazarista. O 25 de Abril já se deu há muitos anos, hoje há liberdade plena de acção, de escrita. Vejo que o nosso jornalismo enferma muito de espírito crítico, de análise, de intervenção criteriosa, honesta, documentada e incisiva. Estamos a fazer um jornalismo demasiado partidário. O jornalista como homem, como cidadão, deve ter as suas convicções políticas mas deve pôr ao serviço da sua pena, da função social da imprensa, a verdade, a crítica analítica.
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Manuel Ferreira, jornalista açoriano, em entrevista ao DN
sábado, julho 01, 2006
Não há seres humanos ilegais
Um estudo revelava há dias que a Europa está a tornar-se uma fortaleza contra a entrada de novos imigrantes. O fluxo migratório das zonas mais pobres para as que oferecem melhores condições de vida é um movimento que acompanhou a humanidade ao longo da sua história.
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O que é novo é a figura do clandestino, do ilegal. E são relatos dramáticos. Todos os anos milhares de pessoas morrem tentando entrar na Europa. Portugal, porque se tornou também um país de destino para muitos estrangeiros, acompanhou a tendência europeia. Nos últimos anos, os sucessivos governos foram adoptando medidas cada vez mais restritivas para conter o fluxo migratório.
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Por constatar que tais medidas não melhoram as condições de vida dos imigrantes nem beneficiam o país, o actual Governo português apresentou um anteprojecto para uma nova Lei da Imigração. Porque conhecem de perto a realidade da imigração em Portugal, as Organizações Católicas para a Imigração são uma voz activa nesta questão, pelo que texto final terá muito a ganhar se as suas sugestões forem tidas em consideração. (Agência Ecclesia).
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A Europa não se pode fechar na defesa do seu próprio bem-estar.
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Como nos ensinou João Paulo II, mesmo a condição de irregularidade legal não autoriza a menosprezar a dignidade do migrante, o qual é dotado de direitos inalienáveis que não podem ser violados nem ignorados.
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O que é novo é a figura do clandestino, do ilegal. E são relatos dramáticos. Todos os anos milhares de pessoas morrem tentando entrar na Europa. Portugal, porque se tornou também um país de destino para muitos estrangeiros, acompanhou a tendência europeia. Nos últimos anos, os sucessivos governos foram adoptando medidas cada vez mais restritivas para conter o fluxo migratório.
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Por constatar que tais medidas não melhoram as condições de vida dos imigrantes nem beneficiam o país, o actual Governo português apresentou um anteprojecto para uma nova Lei da Imigração. Porque conhecem de perto a realidade da imigração em Portugal, as Organizações Católicas para a Imigração são uma voz activa nesta questão, pelo que texto final terá muito a ganhar se as suas sugestões forem tidas em consideração. (Agência Ecclesia).
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A Europa não se pode fechar na defesa do seu próprio bem-estar.
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Como nos ensinou João Paulo II, mesmo a condição de irregularidade legal não autoriza a menosprezar a dignidade do migrante, o qual é dotado de direitos inalienáveis que não podem ser violados nem ignorados.
Pedalar até Paris
Começa hoje a Volta à França em bicicleta, a prova rainha do ciclismo mundial, ensombrada pelo caso do negócio do doping desmantelado em Espanha. Na sequência desta investigação, 52 ciclistas não vão alinhar em Estrasburgo, entre os quais figuram Ivan Basso, Jan Ulrich e Francisco Mancebo, três dos favoritos à partida.
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José Azevedo será o chefe-de-fila da Discovery Channel, o que tornará este Tour ainda mais especial. Só um super super Azevedo poderá fazer do sonho realidade. Força nas kinambas!